Referência:
KARAM, Francisco. Seu trabalho: de Hegel à LSN. Zero. Florianópolis, UFSC, mar. 1988. p.8. [Ref.: S002] Acesso à Imagem: & D069

Seu trabalho: de Hegel à LSN

Adelmo Genro Filho nasceu em São Borja, em 1951. Professor e jornalista, formado em 1975 pela Universidade Federal de Santa Maria, trabalhou desde estudante no jornal A Razão, de onde o Exército pediu sua demissão por denunciar a carne podre servida no Restaurante Universitário.

Eleito vereador pelo ex-MDB (atual PMDB), em 1976, dele foi se afastando progressivamente até ingressar no Partido dos Trabalhadores em 1985. Entendia que, já àquela altura, o PMDB percorria um caminho sem volta rumo à conciliação nacional.

Em 1979, Adelmo foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional (LSN), por dizer na Tribuna da Câmara que o ex-presidente João Figueiredo não tinha condições mentais de dirigir a nação. Ele se referia ao incidente de Florianópolis, a novembrada quando o ex-presidente respondeu com ofensas à população que o vaiava no centro da cidade. Na ocasião, sete estudantes catarinenses foram também enquadrados na LSN e Adelmo os defendeu da Tribuna.

Mas Adelmo não foi um jornalista preocupado somente com a especificidade técnica do jornalismo, a elaboração rotineira de matérias e a modernização tecnológica do setor. Também preocupava-se com a importância e o papel do jornalismo na investigação da realidade e em sua transformação. Daí, resultou o trabalho de tese de mestrado em Sociologia na UFSC, que originou o livro "O Segredo da Pirâmide, para uma teoria marxista do Jornalismo" (Porto Alegre, Tchê!, 1987). Na abordagem, sustenta que o Jornalismo pode ser vislumbrado como uma nova forma de conhecimento que se cristaliza no singular.

Preocupado com a totalidade do Homem na História, expôs suas concepções em vários outros livros, como "Hora do Povo, uma vertente para o fascismo", juntamente com Marcos Rolim e Sérgio Weigert (São Paulo, Brasil Debates, 1981); "Lênin, coração e mente", com Tarso Genro (Porto Alegre, Tchê!, 1985); "Marxismo, filosofia profana" (Porto Alegre, Tchê!, 1986) e "Contra o Socialismo Legalista" (Porto Alegre, Tchê!, 1987). Foi um dos fundadores do Jornal Informação, de Porto Alegre, e fundador e membro do conselho editorial do jornal Fazendo o Amanhã, de São Paulo. Escreveu outras tantas séries de artigos e ensaios para diversas publicações do país, como as revistas Teoria e Política e Civilização Brasileira.

Ultimamente, Adelmo estava empenhado em estudar Hegel e aprofundar, sistematicamente, o estudo e a renovação do Marxismo revolucionário. Esta preocupação faz parte de seu último trabalho publicado, "A filosofia marxista e o legado dos hereges", uma extensa introdução ao livro "Filosofia e praxis revolucionária" (São Paulo, Brasil Debates, 1988).

Francisco J. Karam

Professor e jornalista

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