Referência:
KARAM, Francisco. O marxismo perde um revolucionário. Zero. Florianópolis, UFSC, mar. 1988. p.8. [Ref.: S001] Acesso à Imagem: & D069
 
O marxismo perde
um revolucionário

Nos últimos cinco anos, o companheiro Adelmo Genro Filho dedicou quatro aos Cursos de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. Há um ano licenciado sem remuneração, entendia que neste período poderia dedicar-se com mais determinação a investigar e buscar, através de uma disciplina rigorosa consigo mesmo, a renovação do marxismo que o mantivesse dialético e revolucionário.

Adelmo teria ainda mais um ano de licença, mas sua morte, aos 36 anos, no Hospital Universitário de Florianópolis, às sete da manhã do dia 11 de fevereiro de 1988, uma ensolarada quinta-feira, põe em nossos ombros um duplo peso difícil de suportar: o do teórico e militante, que amparado numa sólida formação, apontava novos caminhos possíveis de percorrer no interior do marxismo e do colega e amigo que, navegando entre uma postura generosa e cordial, conseguia socorrer as pessoas em seus mais duros momentos existenciais e, ao mesmo tempo enfrentar os adversários políticos com uma exemplar conduta ética e política.

A morte de Adelmo deixa uma vazio difícil de preencher no curso de jornalismo, nos debates, palestras e aulas em que sempre brilhavam sua lucidez teórica, clareza didática e coragem política, sem jamais abrir mão de uma sincera humildade para tratar dos temas mais simples aos mais complexos.

A lembrança de sua presença amiga e sábia continuará povoando nossos dias, assim como a sempre bela imagem de seu coleguismo, combatividade e intervenções públicas.

Adelmo morreu no Hospital Universitário, três dias após sua internação de uma maneira, até este momento, inexplicável. A causa mortis ainda não foi esclarecida pelo H. U.

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